Editorial

Autores

  • Maria José Moura

DOI:

https://doi.org/10.48798/cadernosbad.930

Resumo

A partir de agora a edição de Cadernos passa a ser da responsabilidade da Associação.
Gostaríamos que a única revista de carácter técnico existente neste domínio entre nós mantivesse a qualidade e o prestígio adquiridos noutras épocas, quando a BAD não passava de latente aspiração de um grupo profissional que se mobilizava em torno de Cadernos.
Porque consideramos que será desejável acentuar o seu carácter formativo, aqui deixamos a proposta directa a um colectivo que é o seu público potencial - do qual a revista, mais do que qualquer outra, é simultaneamente propriedade e reflexo – para que nela colabore activamente enviando-nos artigos originais de ordem técnica ou que transmitem experiências relevantes ou ainda recensões de obras importantes.
Para veicular informações de interesse mais imediato e efémero manter-se-á o Notícia BAD, ao qual está reservado um importante papel como ponte de contacto entre os associados, em especial entre os que, fora dos grandes centros, tentam romper o isolamento profissional, além de elemento de interacção com as Delegações Centro e - esperamos que num futuro breve – do Norte e dos Açores.
A actividade da BAD desdobra-se em múltiplos aspectos de que nem sempre é fácil proporcionar a todos o devido acompanhamento e participação em tempo útil.
Assim, e apesar das dificuldades estruturais que vão dos problemas de ordem financeira aos de instalações, investimos muito esforço no sector editorial, porque julgamos que, depois das acções de formação, ele é um domínio a privilegiar face não só às necessidades prementes de informação e actualização técnica, mas também como fermento de um futuro que tem que começar a construir-se hoje, na corresponsabilização e na solidariedade.
Foi finalmente criado o Curso de Especialização em Ciências Documentais, no qual a BAD se empenhou acima de tudo e que se obriga a continuar a apoiar.
Temos em curso o Inventário das Fontes de Informação em Portugal, que esperamos nos possa proporcionar, em breve, o diagnóstico da real situação do país e servir de base aos planos de desenvolvimento que tanto têm tardado.
Nesta ordem de ideias, para além de uma cada vez mais activa participação em tudo quanto signifique valorização das nossas instituições e dignificação dos que nelas trabalham - e, apesar de todo o caminho já percorrido, estamos muito longe de nos considerar satisfeitos - é forçoso que as nossas publicações se façam eco do que constitue o quotidiano da BAD e estimulem uma vida associativa mais assumida e militante.
Há lugar para todos e para cada um aprofundar os seus interesses e alargar o horizonte profissional.
A primeira e mais activa das nossas Comissões, a de Formação, multiplica-se em realizações de mérito e utilidade incontestáveis, arcando permanentemente com algumas responsabilidades que ao Estado deveriam caber. As acções que promove, ao proporcionarem um enriquecedor contacto com especialistas estrangeiros e nacionais, deverão encontrar, na presente publicação, um meio ideal de alargarem o debate a um muito maior número de profissionais.
A Comissão das Bibliotecas Universitárias, em que se agrupa grande número de colegas de todas as regiões do país, está empenhada num combate difícil de reforma de estruturas e dos objectivos a prosseguir.
O Grupo de Utilizadores de Sistemas de Informação em Linha, que conta com a colaboração de colegas de organismos estatais e empresariais, está vocacionado para melhor tirar partido das modernas tecnologias postas ao serviço da nossa profissão.
O estudo das respectivas aplicações práticas é a finalidade do Grupo de Automatização, um dos de mais recente criação.
Aberto como todos os outros a sócios e não sócios, acaba de se constituir o Grupo das Bibliotecas Públicas, de que esperamos um contributo decisivo para o questionamento da problemática da leitura pública em Portugal e um decidido empenho na procura de soluções correctas.
Não nos iludamos porém. Como agora nos veio dizer Jean Tabet, o bibliotecário da leitura pública não pode ser encarado como um mágico, cujo voluntarismo permite escamotear a importância fundamental de se conquistarem os indispensáveis recursos financeiros para aquisições bibliográficas, instalações e pessoal, de modo a necessidades.
Pessoalmente pensamos que, na era da «sociedade da informação», o nosso atraso não é uma fatalidade inelutável e o livro continuará a ser um dos meios mais eficazes para permitir ao homem não só informar-se e comunicar, cultivar-se e distrair-se, mas sobretudo tomar consciência de si próprio e do seu semelhante, logo, um dos mais relevantes factores de mudança e de uma verdadeira participação democrática e responsável na vida social.
O bibliotecário deve assim assumir-se como um dos protagonistas da revolução do livro entre nós, em ruptura com um passado conservador e elitista, pois que o acesso efectivo aos meios de informação e de cultura é condição necessária para o pleno exercício da liberdade, individual e colectiva.

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Publicado

30-06-2003

Como Citar

Moura, M. J. (2003). Editorial. Cadernos BAD, (1). https://doi.org/10.48798/cadernosbad.930

Edição

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Editorial