Biblioterapia de desenvolvimento, gestão das emoções e pensamento crítico: uma estratégia de intervenção para as bibliotecas escolares
Palavras-chave:
Biblioterapia, bibliotecas escolares, pedagogia da leitura, gestão das emoções, pensamento críticoResumo
O conceito de biblioterapia, entendido como a função catártica da leitura, é reconhecido desde a Antiguidade Grega e Romana: na Poética, Aristóteles defende a leitura de poesia como um remédio contra a dor, o medo e o sofrimento e, no séc. I A.C., o médico romano Aulus Cornelius Celsus, recomendava a leitura e a discussão de obras de grandes filósofos como terapia, útil tanto no tratamento das doenças do coração, como para desenvolver as capacidades críticas dos pacientes. Em Portugal, sobretudo na última década, a biblioterapia tem sido esparsamente praticada em hospitais pediátricos e começou a despertar a atenção de professores e bibliotecários, encarada como uma forma de promover hábitos de leitura e, ao mesmo tempo, contribuir para uma melhor gestão das emoções e um aumento da auto-estima e das capacidades críticas, principalmente em crianças e jovens de risco, ou oriundos de meios sociais desfavorecidos. Estudos recentes demonstram que a biblioterapia, efetivamente, contribui para o auto-conhecimento e para o conhecimento dos outros, e pode ser um importante apoio para a gestão das emoções e também para a promoção do sucesso educativo. A comunicação que agora se apresenta tem como objetivos enunciar o conceito de biblioterapia de desenvolvimento, entendida como um método eficaz de intervenção das bibliotecas na sua ação sobre os indivíduos e na prossecução das suas missões sociais, nomeadamente na promoção da cidadania e da inclusão social através do auto-conhecimento e da relação com os outros. Apresentando duas vias de intervenção aplicadas em dois projetos de investigação-ação, em níveis etários e educativos distintos, e utilizando diferentes estratégias, conclui-se pela relevância do uso de tal método na atividade biblioteconómica, nomeadamente em contexto colaborativo, no âmbito das bibliotecas escolares, uma vez que após as intervenções biblioterapêuticas se verificaram alterações efetivas no comportamento das crianças e dos adolescentes alvos dos estudos.