Redes e Movimentos Sociais sob os novos paradigmas da informação

Autores

  • Judite Canha Fernandes CIPA- Centro de Informação, Promoção e Acompanhamento de Políticas de Igualdade

Resumo

As Parcerias, Redes e Movimentos Sociais que emergem do domínio público e da cidadania alcançam um papel crescente dos níveis locais aos internacionais e fazem, cada vez mais, parte da agenda social e política, exercendo uma crescente influência simbólica e prática nas sociedades e atraindo um número cada vez maior de investigadores e investigadoras de diversas áreas. Castells, por exemplo, afirma que os Movimentos Sociais “representam os verdadeiros produtores e distribuidores de códigos culturais” (2000). Para Smith, Chatfield e Pagnucco essa influência crescente dar-se-ia “por meio do fortalecimento da informação e contra-informação política, do alinhamento de estratégias de actuação, da partilha de metas e de outros tipos de apoio recíproco”.  Desta forma, estas estruturas inter organizacionais “conseguem ligar o local, o nacional com o global, assim como as arenas políticas inter e transgovernamentais, criando assim uma nova estrutura de política global que desagrega o Estado e a política local na intersecção dos níveis nacional e internacional” (1997). As teorias mais recentes sobre o surgimento e desenvolvimento destas “organizações de organizações” encontram apoio no reconhecimento da importância do conhecimento como recurso fundamental na concretização dos objetivos individuais, organizacionais, intra e interorganizacionais. De um modo geral, a formação de Redes e Parcerias, nos seus diversos níveis e aplicações, tem sido considerada, tanto na prática quanto na teoria, como um mecanismo de flexibilização das relações entre as pessoas, capaz de potencializar o compartilhamento de informação entre organizações e indivíduos e de contribuir para a geração de conhecimento e inovação tecnológica (Austin, 2001). É hoje claro que as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) e as potencialidades decorrentes da Sociedade da Informação estão a ser aproveitadas pelas organizações e pelos movimentos sociais no sentido de um alargamento do seu âmbito de actuação e impacto, ou mesmo na busca de “um outro mundo possível”. A Internet, ao não exigir a presença física, permitiu alargar os âmbitos de implementação de forma extraordinária e encontrar complementaridades para a discussão e para o trabalho até hoje impossíveis. Alguns autores referem a emergência de um novo modelo de gestão social, voltado para a formação de redes e para o desenvolvimento de projectos inovadores com fins sociais (Schlemm e Souza, 2004)
É no sentido de aprofundar, do ponto de vista do objecto social informação, a investigação sobre os modelos teóricos, práticas informacionais, uso das tecnologias, monitorização e resultados mensuráveis de eficácia, eficiência e satisfação das necessidades de informação dos/as vários/as agentes envolvidos e das iniciativas e movimentos onde se desenvolvem, que o Projecto de Doutoramento “A Ciência da Informação na Gestão de Projectos Europeus e Internacionais. A Iniciativa Comunitária EQUAL e a Marcha Mundial das Mulheres”, cujo desenvolvimento, opções teóricas e metodológicas se pretendem expor nesta comunicação, se enquadra, sendo que a extracção de resultados pode significar importantes mais valias para os casos, cada vez mais frequentes e incontornáveis, de organizações (privadas ou públicas), movimentos, pessoas, a trabalhar projectos em Rede ou Parceria numa escala globalizada. Este Projecto de Doutoramento decorre na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sob a orientação do Prof. Dr. Armando Malheiro da Silva.

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Publicado

2010-03-30