MEMÓRIA DOS POVOS: organização e revitalização do acervo da Fazenda Pinhal

Autores

  • Luzia Sigoli Fernandes Costa
  • Beatriz Tosetto

Resumo

A agricultura cafeeira que se desenvolveu no Brasil nos séculos XIX e XX teve, na região de São Carlos, interior do estado de São Paulo, Brasil, um dos seus principais pólos. A exemplo de outros lugares, essa região incorporou a forma de trabalho assalariada com a força dos braços imigrantes, em sua maioria vinda de países europeus. Mais do que contribuírem para a formação da mão-de-obra que impulsionou a economia local, esses imigrantes trouxeram consigo conhecimentos e habilidades responsáveis por importantes reflexos na realidade sócio-econômica brasileira. Representando a célula mater do surgimento da cidade de São Carlos, a Fazenda Pinhal e seu proprietário, Antonio Carlos de Arruda Botelho, receberam muitos imigrantes portugueses, espanhóis e italianos, entre outros. Esses imigrantes, cheios de esperanças e perspectivas de melhoria de vida, logo se contrastaram com a servil mão-de-obra escrava, exigindo mudanças na postura patriarcal dos fazendeiros. Passados mais de dois séculos da construção de sua sede, a Fazenda Pinhal, hoje patrimônio histórico nacional, conserva, ainda, suas características originais. Desde 1996, dando origem a um Centro de Documentação e Informação, a Universidade Federal de São Carlos, juntamente com a Fundação Pró Casa do Pinhal, vem desenvolvendo, no local, um projeto que envolve professores e alunos num trabalho de avaliação, restauração, organização e disponibilização do acervo da Fazenda, composto por fotografias, cartas, documentos de cunho administrativo e uma significativa coleção de livros e periódicos editados a partir 1820, além de móveis, objetos utilitários e decorativos. No que tange ao reconhecimento e tratamento de acervos especiais e fontes históricas, esse projeto tem ultrapassado os limites de um laboratório de ensino e pesquisa, pois tem revelado o quanto os documentos e objetos, pertencentes ao passado, guardam e mantém viva a memória de uma época, permitindo não só melhor compreender o presente, mas, principalmente, instigar reflexões sobre o futuro.

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Publicado

2001-05-23