Reflexões multidisciplinares da Ciência Aberta em vivências de discentes e docentes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48798/cadernosbad.2762

Palavras-chave:

Ciência Aberta, Transparência científica, Prós e contras às práticas de Ciência Aberta, Comunicação e divulgação científica

Resumo

O movimento em prol da Ciência Aberta (CA) abarca diferentes escolas de pensamento e diferentes iniciativas, defendendo não somente o acesso aberto às publicações e aos dados, mas também uma maior transparência no processo de pesquisa. Entretanto percebe-se uma resistência do pesquisador à adesão às práticas de CA. Este artigo sintetiza argumentos pró e contra ao movimento da CA percebidos a partir de reflexões desenvolvidas no âmbito de disciplina eletiva de curso de pós-graduação stricto sensu interdisciplinar. Os resultados da discussão realizada por discentes e docentes são apresentadas em oito categorias: reprodutibilidade, acesso aberto, dados abertos, transparência, assimetria entre setor público e privado, integridade, avaliação por pares aberta e preprints, sistema de avaliação da produção científica e políticas de Ciência Aberta. Em síntese, por um lado o uso das práticas de CA parece ter potência para revelar dilemas sobre integridade e promover a abertura de dados de pesquisa, o que pode “assombrar” pesquisadores. Por outro lado, a possibilidade de mitigar riscos à qualidade das evidências científicas, fortalecer a reprodutibilidade e a credibilidade na ciência favorece a disseminação destas práticas e de seu debate nos ambientes formativos do pesquisador contribuindo para o distensionamento ao uso de práticas de CA.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Carolina Rodrigues Barreiros da Silva, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente cursa mestrado no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), ICICT, Fiocruz.

Simone Auxiliadora Borges Oliveira, Fundação Oswaldo Cruz / Presidência

Graduada em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.(UFRJ). Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Doutoranda em Informação e Comunicação em Saúde (ICICT/Fiocruz).

Alex de Oliveira Vasconcelos, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas

Graduado em Enfermagem (Unisant’anna). Especialista em Enfermagem do Trabalho e Auditoria em Serviços de Saúde (CGESP). Mestrando em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas no programa de Pós Graduação do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas - Fiocruz. Atua na área da enfermagem com ênfase em urgência e emergência, gestão de saúde com análise de risco e saúde suplementar.

Amanda Orlando Reis, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas

Graduada em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2006) e especialista em Nefrologia pela Universidade Federal do Rio de janeiro (2011). Atualmente é médica-nefrologista no Hospital Universitário Pedro Ernesto e do ambulatório de nefrologia do INI - Fiocruz e cursa mestrado de Pesquisas Clínicas no INI-Fiocruz.

Ana Isabella Sousa Almeida, Fundação Oswaldo Cruz / Escola Nacional de Saúde Pública

Formou-se Enfermeira pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Realizou Especialização em Enfermagem Neonatal e Pediátrica pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), Residência em Enfermagem Obstétrica pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ), Mestrado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ (ENSP/FIOCRUZ). E atualmente, cursa Doutorado em Saúde Pública também pela Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ (ENSP/FIOCRUZ)

Danielle Cristina Tenório Varjal de Melo, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto Aggeu Magalhaes

Graduada em Ciências Biológicas com ênfase em Ciências Ambientais (UFPE). Técnica em Análises Clínicas (POLITEC). Mestre em Ciências (IAM). Doutoranda em Biociências e Biotecnologia em Saúde no programa de Pós Graduação do Instituto Aggeu Magalhães - Fiocruz. Atua na área da Entomologia com expertise em fitness de mosquitos resistentes à inseticidas, controle integrado de culicídeos vetores, xenomonitormaneto molecular, Vigilância entomológica.

Everson Justino Pereira, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde

Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Uniabeu) com especialização em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação (Estácio). Mestrando em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/ICICT-Fiocruz). Integro a equipe técnica de pesquisa do Centro de Estudos Estratégicos (CEE-Fiocruz), NERHUS/DAPS-Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz).

Letícia Maria Correia Katz, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto Aggeu Magalhães

Graduada em Medicina. Doutoranda em Gestão Pública pela FIOCRUZ -PE. Residência Médica em Ginecologia Obstetrícia (UPPE), Mestrado em Saúde Materna e Infantil pelo Instituto de Medicina Integral de Pernambuco (IMIP).

Luisi Maria Costa de Oliveira, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde

Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Mestre em Informação e Comunicação em Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde/PPGICS (ICICT/FIOCRUZ).

Nereide Santos Lisboa, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia- UNEB (2007), especialista em Análises Clínicas pela Universidade Católica do Salvador- UCSAL (2011), Saúde Pública pela Universidade Norte do Paraná- UNOPAR (2016) e mestre em Ciências e Tecnologias Ambientais pela Universidade Federal do Sul da Bahia-UFSB (2019), doutoranda em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas do INI-FIOCRUZ . Atuando profissionalmente na coordenação da Vigilância Epidemiológica no município de Teixeira de Freitas.

Rafaela Lira Nogueira de Luna, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto Aggeu Magalhaes

Graduada em Ciências Biológicas - Bacharelado pela Universidade Federal de Pernambuco. Recebeu o título de Mestre em Ciências pelo Instituto Aggeu Magalhães (IAM-Fiocruz PE) na área de concentração Biologia celular e molecular básica e aplicada. Atualmente é aluna do doutorado acadêmico do Programa de Pós-graduação em Biociências e Biotecnologia em Saúde do IAM-Fiocruz PE.

Sandro Bastos dos Santos, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto de Tecnologia em Fármacos

Graduado em Ciências Econômicas (UFRRJ). Pós Graduado em Sistemas de Qualidade e Produtividade (UNESA). Mestre em Ciências Contábeis (UFRJ). Doutorando em Gestão, P&D na Indústria Farmacêutica (FIOCRUZ/ Instituto de Tecnologia em Fármacos). Atua como gestor do Departamento de Controladoria e substituto do Diretor no Instituto de Tecnologia em Fármacos.

Tayana Patrícia Santana Oliveira de Sá, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas

Licenciada em Ciências Biológicas e Bacharelada em Enfermagem (UNEB). Mestre em Ciências Biológicas e da Saúde (UNIVASF). Doutoranda em Doenças Infecciosas (INI/ Fiocruz). Atua no Serviço Especializado em HIV/Hepatites virais e outras ISTs e atua como docente da Rede Estadual de Ensino da Bahia e da Faculdade AGES em Senhor do Bonfim-BA.

Vanessa Pires de Farias, Universidade Federal do Rio de Janeiro / Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho

Graduada em Biomedicina com ênfase em Patologia Clínica pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente cursa mestrado em Ciências Biológicas, com ênfase em Biofísica no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Viviane Veiga, Fundação Oswaldo Cruz / Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde

Doutora em Ciências. Mestre em Saúde Publica, com foco em Gestão da Informação e Comunicação em Saúde e Bacharel em Biblioteconomia e Documentação. Atualmente Coordena a Rede de Bibliotecas da Fiocruz e a Rede GO FAIR Brasil Saude. Editora da RECIIS. Participa do Comitê Gestor Ciência Aberta na Fiocruz. Coordena o Grupo de Pesquisa e Trabalho Acesso aberto às Publicações e aos dados de pesquisa da Rede de Bibliotecas da Fiocruz. Docente permanente no PPGICS. Coordena a disciplina Ciência Aberta: da informação aos Dados de Pesquisa; e Fundamentos Teóricos da Informação e da Comunicação em Saúde.

Referências

Albagli, S., Clinio, A., & Raychtock, S. (2014). Ciência aberta: Correntes interpretativas e tipos de ação. Liinc em Revista, 10(2), 434-450. https://doi.org/10.18617/liinc.v10i2.749

Albagli, S., Maciel, M. L., & Abdo, A. H. (2015). Ciência aberta, questões abertas. IBICT, UNIRIO. https://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/1060/1/Ciencia%20aberta_questoes%20abertas_PORTUGUES_DIGITAL%20%285%29.pdf

Alsheikh-Ali, A. A., Qureshi, W., Al-Mallah, M. H., & Ioannidis, J. P. (2011). Public availability of published research data in high-impact journals. PLoS ONE, 6(9), 1-4. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0024357

Borgman, C. L. (2009). The digital future is now: A call to action for the humanities. Digital Humanities Quarterly, 3(4). http://www.digitalhumanities.org/dhq/vol/3/4/000077/000077.html

Budapest Open Access Initiative (BOAI) (2002, February 14). Budapest Open Access Initiative. Budapest Open Access Initiative. https://www.budapestopenaccessinitiative.org

Campbell, E., Clarridge, B., Gokhale, M., Birenbaum, L., Hilgartner, S., Holtzman, N., & Blumenthal, D. (2002). Data withholding in academic genetics: Evidence from a national survey. Jama-Journal of the American Medical Association, 287(4), 473-480. https://doi.org/10.1001/jama.287.4.473

Caraça, J. (2012). Prefácio: Para abrir a ciência. In G. Cardoso, P. Jacobetty, & A. Duarte. Para uma ciência aberta (pp. xiii-xv). Editora Mundo Sociais.

Elliott, K. C., & Resnik, D. B. (2019). Making open science work for science and society. Environmental health perspectives, 127(7), 075002-1-075002-6. https://doi.org/10.1289/EHP4808

Fuente, G. B. (2016). Challenges and strategies for the success of Open Science. Foster. https://www.fosteropenscience.eu/content/challenges-and-strategies-success-open-science.

Furnival, A. C., & Hubbard, B. (2011). Acesso aberto às publicações científicas: Vantagens, políticas e advocacy. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, 2(2), 160-177. https://doi.org/10.11606/issn.2178-2075.v2i2p160-177

Grech, V. (2013). Publish, but do not perish in the open access model. Malta Medical Journal, 25(3), 1. https://www.um.edu.mt/library/oar/bitstream/123456789/1471/1/2013.Vol25.Issue3.A0.pdf

Guanaes, P. C. (Org). (2018). Marcos legais nacionais em face da abertura de dados para pesquisa em saúde: Dados pessoais, sensíveis ou sigilosos e propriedade intelectual. Fiocruz. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/28838

Guimarães, M. C. S. (2014). Ciência aberta e livre acesso à informação científica: Tão longe, tão perto. RECIIS – Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, 8(2), 139-152. https://doi.org/10.3395/reciis.v8.i2.941.pt

Harris, J. K., Johnson, K. J., Carothers, B. J., Combs, T. B., Luke, D. A., & Wang, X. (2018). Use of reproducible research practices in public health: A survey of public health analysts. PLoS One, 13(9), e0202447. 10.1371/journal.pone.0202447.

Lane, J., & Schur, C. (2010). Balancing access to health data and privacy: A review of the issues and approaches for the future. Health Services Research, 45(5), 1456-1467. https://doi.org/10.1111/j.1475-6773.2010.01141.x

Mendes-da-Silva, W. (2019). Revisão pelos pares aberta e ciência aberta na comunidade de pesquisa em negócios. Revista de Administração Contemporânea, 23(4), 1-6. http://dx.doi.org/10.1590/1982-7849rac2019190278

Mendes-da-Silva, W., & Leal, C. C. (2021). Salami science in the age of open data: Déjà lu and accountability in management and business research. Revista de Administração Contemporânea, 25(1), 1-12. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2021200194

Mirowski, P. (2018). The future(s) of open Science. Social Studies of Science, 48(2), 171-203. https://doi.org/10.1177/0306312718772086

Nosek, B. A., Alter, G., Banks, G. C., Borsbooms. D., Bowmans, S. D., Breckler, S. J., Buck, S., Chambers, C. D., Chin, G., Christensen, G., Contestabile, M., Dafoe, A., Eich, E., Freese, J., Glennerster, R., Goroff, D., Green, D. P., Hesse, B., Humphreys, M., ... Wagenmakers, E. J. (2015). Promoting an open research culture. Science, 348(6242), 1422-1425. https://doi.org/10.1126/science.aab2374

Oliveira, A., & Silva, E. (2016). Ciência aberta: Dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, 21(2), 5-39. http://dx.doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5

Organisation for Economic Co-Operation and Development (OECD) (2015). Making open science a reality. OECD Science, Technology and Industry Policy Papers, (25). http://dx.doi.org/10.1787/5jrs2f963zs1-en

Reidpath, D. D., & Allotey, P. A. (2001). Data sharing in medical research: An empirical investigation. Bioethics, 15(2), 125–34. https://doi.org/10.1111/1467-8519.00220

Savage, C. J., & Vickers, A. J. (2018). Empirical study of data sharing by authors publishing in PLoS journals. PLoS ONE, 4(9), 1-3. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0007078

Silva, F. C., & Silveira, L. (2019). O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, 31, 1-13. https://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001

Springer Nature Limited. (2021). Reporting standards and availability of data, materials, code and protocols. Nature Portfolio. https://www.nature.com/nature-portfolio/editorial-policies/reporting-standards

Tijdink, J., Malicki, M., Gopalakrishna, G. & Bouter, L. (2020). Preprints são um problema? Cinco formas de melhorar a qualidade e credibilidade dos preprints [publicado originalmente no LSE Impact Blog em setembro/2020]. SciELO em Perspectiva. https://blog.scielo.org/blog/2020/10/15/preprints-sao-um-problema-cinco-formas-de-me lhorar-a-qualidade-e-credibilidade-dos-preprints/

Veiga, V. S. (2017). Percepção dos pesquisadores portugueses e brasileiros da área de Neurociências quanto ao compartilhamento de artigos científicos e dados de pesquisa no acesso aberto verde: Custos, benefícios e fatores contextuais. [Tese de Doutorado, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde]. ARCA Repositório Institucional Fiocruz. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26842

Vicent-Saez, R., & Martinez-Fuentes, C. (2018). Open science now: A systematic literature review for an integrated definition. Journal of Business Research, 88, 428-436. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.12.04

Downloads

Publicado

25-10-2022

Como Citar

Rodrigues Barreiros da Silva, C., Borges Oliveira, S. A., de Oliveira Vasconcelos, A., Orlando Reis, A., Sousa Almeida, A. I., Tenório Varjal de Melo, D. C., Justino Pereira, E., Correia Katz, L. M., Costa de Oliveira, L. M., Santos Lisboa, N., Lira Nogueira de Luna, R., Bastos dos Santos, S., Santana Oliveira de Sá, T. P., Pires de Farias, V., & Veiga, V. (2022). Reflexões multidisciplinares da Ciência Aberta em vivências de discentes e docentes. Cadernos BAD, (1-2). https://doi.org/10.48798/cadernosbad.2762

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)